Nok: uma cultura muito antiga
Antes de existir a organização de reinos e impérios na África Antiga, centenas de comunidades desenvolveram tecnologias agrícolas e metalúrgicas que favoreceram a sedentarização e o surgimento de grandes Estados. A cultura Nok é uma delas.
Reinos e impérios africanos
Vários povos africanos constituíram reinos e impérios notáveis, com línguas e escritas diversas, arquitetura espetacular e arte requintada. Entre eles estão o Reino de Cuxe (ou Kush) e o Império de Axum.
Além de serem formados por grandes agricultores e pastores, alguns desses reinos e impérios também desenvolveram o comércio terrestre e marítimo de longa distância. Por intermédio de mercadores que atravessavam grandes extensões de terras, diferentes regiões da África foram conectadas. Com isso, foi possível estabelecer uma rede de troca de produtos entre diferentes povos.
O Reino de Cuxe
O antigo Reino de Cuxe surgiu em uma região conhecida como Núbia, localizada ao sul do Egito Antigo. Por isso, as culturas cuxitas e egípcias antigas guardam muitas semelhanças. Atualmente, a área faz parte de um país chamado Sudão.
Há cerca de 4 400 anos, os núbios se tornaram independentes do Egito, passando a obedecer a seu próprio rei. Surgia, assim, o Reino de Cuxe. A primeira capital desse reino foi a cidade de Kerma, seguida por Napata e Méroe.
Os cuxitas dedicavam-se à agricultura, principalmente aos cultivos de trigo, cevada e sorgo, e à criação de animais, como cabritos, cabras, cavalos e burros. Eles também praticavam o comércio. Sua localização, junto ao rio Nilo e próximo ao mar Vermelho, facilitava as transações comerciais com outros povos, como os que habitavam a Mesopotâmia (onde ficam atualmente, os países Irã, Iraque, Síria e Turquia). Entre os principais produtos comercializados estavam o ouro, o marfim, o ébano, as penas de avestruz e as peles de leopardo.
Por volta de 3 600 anos atrás, o Reino de Cuxe foi novamente dominado pelo Egito. Porém, séculos depois, chegou a conquistar os egípcios, estabelecendo ali uma dinastia de “faraós negros” por cerca de cem anos.
Candaces, as rainhas-mães
No Reino de Cuxe, as mulheres ocupavam uma posição de grande poder e prestígio. A mãe ou esposa do rei recebia o título de candace, ou seja, senhora de Cuxe, e exercia notável influência no governo. Muitas vezes, ela exercia diretamente o poder e chegou a adotar o título de “filha de Rá” (o deus do Sol), como os faraós egípcios.
Um exemplo é a candace Amanirenas, uma guerreira muito temida que liderou pessoalmente o exército cuxita. Também responsável pelas estratégias militares, Amanirenas conseguiu derrotar o exército do Império Romano – o mais poderoso de seu tempo – e obrigou-o a negociar a paz. Considera-se que, sob o comando de Amanirenas, o avanço dos romanos na África foi interrompido.
Outra candace importante foi Amanitare. Com seu marido, Amanitare mandou construir diversos templos no reino que faziam menção a eles como casal, como o Templo do Leão de Naga. Também reconstruiu a capital Napata, destruída durante um ataque dos romanos.
O Império de Axum
Por volta do século 1, no norte da atual Etiópia, surgiu um dos mais importantes reinos africanos: Axum. No final do século 3, Axum já tinha grande influência na região, pois havia conquistado diversos povos vizinhos, inclusive o Reino de Cuxe.
A maior parte dos axumitas vivia da criação de gado – bois, cabras e asnos – e do cultivo de cereais. Porém, o poder do Império de Axum vinha do controle de importantes redes comerciais no mar Vermelho, que ligava o Oriente ao Ocidente, e no oceano Índico, com as ilhas da Oceania.
Pelo famoso porto de Adúlis, na atual Eritreia os axumitas vendiam marfim, ouro, pedras preciosas, gado, incenso, chifres de rinocerontes e escravos. Por ali também chegavam porcelana e seda, entre outras mercadorias produzidas por povos do Oriente, como indianos e chineses. O porto movimentava, ainda, produtos de povos europeus, como vinho e azeite.
Para facilitar as transações comerciais, havia a moeda axumita, cunhada em prata, ouro ou bronze. Também houve o desenvolvimento da escrita gueze ou geês, que deu origem a línguas utilizadas até hoje na Etiópia.
Os andarilhos do deserto
Conhecidos como tuaregues, eles preferem ser chamados de imuhagh (na língua deles, o tamasheq), que significa “homens livres”. Por quê? Porque tuaregue deriva de uma palavra árabe
que significa “abandonado por Deus”.
Na Antiguidade, os imuhagh estavam organizados em comunidades nômades que controlavam as grandes rotas comerciais que atravessavam o deserto do Saara. Nos acampamentos, eles montavam tendas feitas de peles de animais e sustentadas por estacas de madeira. Quando a água acabava, eles se dirigiam para outro local.
Texto retirado do livro "Aprender Juntos" Editora SM.
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